A importância da escuta no processo da psicanálise

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11/2/20251 min read

bird's eye view of forest mountain
bird's eye view of forest mountain

A psicanálise nasce da escuta. Antes de ser um método de interpretação ou uma teoria sobre o inconsciente, ela é, fundamentalmente, uma experiência de fala e de escuta — uma relação que permite ao sujeito ouvir-se de um modo que, sozinho, talvez nunca conseguiria.

Escutar, na psicanálise, não é apenas ouvir palavras. É acolher o silêncio, os lapsos, as pausas e os gestos que revelam algo que escapa à consciência. É uma escuta que se dá para além do sentido imediato, aberta ao que está por vir, ao que ainda não foi dito.

Freud inaugurou essa prática ao se colocar no lugar daquele que escuta sem julgar, sem aconselhar, sem dirigir o outro. Ele percebeu que, quando o sujeito fala livremente e encontra uma escuta verdadeira, o inconsciente se manifesta — nas entrelinhas, nos tropeços da linguagem, nos sonhos e nas repetições.

A escuta psicanalítica é, portanto, um ato ético. Ela suspende o saber e oferece um espaço em que o sujeito pode existir sem precisar se adaptar a expectativas externas. É na escuta que o analisando se depara com suas contradições, seus desejos e seus medos — e, aos poucos, pode construir novas formas de se relacionar consigo mesmo e com o mundo.

Em tempos de pressa, opinião e respostas imediatas, a escuta se torna um ato de resistência. Escutar verdadeiramente é devolver ao outro o direito de se narrar, de se descobrir, de se transformar pela palavra.

A psicanálise nos ensina que escutar é curar — não porque o analista oferece soluções, mas porque ele oferece presença. Uma presença que autoriza o sujeito a ser, a falar, a sentir.
E é justamente nessa escuta — silenciosa, atenta e viva — que começa o processo de transformação psíquica.